O IMPACTO DO AUMENTO DO DÓLAR NO SISTEMA DE ENTREGAS E COMPRAS ONLINE NO BRASIL
Nos últimos anos, as flutuações no valor do dólar têm moldado profundamente o cenário econômico global, afetando tanto o comportamento do consumidor quanto a operação de empresas no Brasil. No setor de entregas e compras online, o impacto tem sido particularmente expressivo, repercutindo nos custos, na logística e nas dinâmicas de mercado.
O aumento do dólar tem encarecido significativamente produtos importados, especialmente em plataformas internacionais, que denominam seus preços em moeda estrangeira. Isso afeta diretamente o poder de compra do consumidor brasileiro, tornando itens que antes eram acessíveis menos competitivos em comparação aos produtos locais. Por outro lado, essa mesma dinâmica beneficia o mercado interno, ao incentivar a busca por alternativas nacionais e fortalecer pequenos e médios e-commerces que oferecem prazos mais curtos e preços mais estáveis.
A reação das empresas brasileiras ao impacto do aumento do dólar não se limita apenas ao repasse de custos. Muitas empresas estão aproveitando a valorização da moeda para reavaliar suas cadeias de suprimentos e adotar práticas mais sustentáveis e localizadas. A busca por fornecedores nacionais que oferecem materiais e produtos a preços mais estáveis tem sido uma estratégia recorrente, permitindo que as empresas minimizem o impacto das flutuações cambiais e atendam às necessidades dos consumidores de maneira mais eficiente.
Além disso, o custo do frete internacional, que é precificado predominantemente em dólares, tem pesado nas operações logísticas. Empresas enfrentam desafios com tarifas alfandegárias mais altas e custos crescentes em transporte aéreo e marítimo, o que leva a reajustes de preços e até alterações nas modalidades de envio.
De acordo com levantamento feito pela empresa de logística MTM Logix, especializada em monitoramento de embarques internacionais, desde o início do ano, o valor do frete marítimo na rota comercial Ásia-Brasil passou de uma média de US$ 2.588 a US$ 2.966 em janeiro de 2024 para US$ 5.440 a US$ 6.773 em abril de 2024, para contêineres de 40 pés (fonte: Cheap2Ship). No transporte aéreo, o mercado da China para os EUA registrou um aumento de 20% nas tarifas de abril em relação ao mês anterior, chegando a US$ 4,87 por kg.
O aumento do dólar não afeta apenas os custos diretos de produtos importados e fretes internacionais, mas também tem um impacto nas empresas de logística que utilizam soluções de software e hardware de rastreamento, frequentemente cotadas em dólar. Esses sistemas se tornam progressivamente mais caros, forçando as empresas a repensar suas estratégias operacionais para garantir que a margem de lucro não seja comprometida.
Já no transporte rodoviário, os impactos da valorização do dólar também são significativos. Os preços do combustível, especialmente o diesel, estão diretamente ligados ao valor do petróleo no mercado internacional, que é cotado em dólar. Quando o dólar se valoriza, o preço do petróleo importado aumenta, elevando os valores praticados no diesel para o consumidor final. Além disso, a política de preços da Petrobras, que ajusta os preços internos com base nas variações cambiais e no mercado internacional, influencia diretamente os custos de operação. Transportadoras acabam repassando esses aumentos aos clientes, resultando em fretes mais caros (fonte: Mobilidade de Carga).
Essas mudanças não afetam apenas consumidores, mas também empresas brasileiras que dependem de tecnologias e insumos dolarizados. Sistemas de rastreamento, softwares de gestão e até veículos especializados têm se tornado mais caros, exigindo que as empresas ajustem suas operações. Em muitos casos, é preciso escolher entre absorver os custos ou repassá-los ao consumidor final, comprometendo margens de lucro ou a competitividade no mercado.
Além da mudança nas escolhas de produtos, o consumidor brasileiro tem mudado seu comportamento de compra de maneira significativa. A busca por alternativas mais econômicas e eficientes tem levado muitos a procurar opções de delivery mais baratas e sistemas de retirada local, como os lockers, que oferecem mais conveniência e custos mais baixos. Esse comportamento está alinhado com a tendência de priorização de soluções nacionais e com menor impacto cambial.
Paralelamente, o comportamento do consumidor evolui diante desse cenário. Muitos optam por priorizar o mercado interno, buscando soluções mais práticas e acessíveis. Armários inteligentes, como lockers para retirada de produtos, e sistemas de logística local mais eficientes têm ganhado destaque. Essas alternativas ajudam a contornar os altos custos do frete internacional e oferecem conveniência, especialmente no contexto de compras online em crescimento.
A crescente pressão sobre os custos de frete também tem impulsionado inovações significativas no setor de logística. Tecnologias emergentes, como a automação e o uso de inteligência artificial para otimização de rotas, estão ajudando empresas a minimizar custos operacionais e a melhorar a eficiência dos processos logísticos. Além disso, a implementação de sistemas de rastreamento digital e a utilização de plataformas de self-service no varejo estão tornando a experiência do consumidor mais ágil e a operação das empresas mais eficiente.
Por outro lado, a pressão cambial também impulsiona inovações. Empresas brasileiras estão investindo em tecnologia para reduzir custos operacionais e otimizar processos. Soluções como automação de logística, plataformas de rastreamento digital e self-service no varejo têm se mostrado eficazes para manter a competitividade. Além disso, a diversificação de fornecedores e mercados tem sido essencial para reduzir a dependência de importações, enquanto estratégias sustentáveis e operações otimizadas atraem consumidores preocupados com eficiência e responsabilidade ambiental.
O aumento do dólar, embora desafiador, também abre oportunidades para empresas que se adaptam rapidamente e inovam em suas operações. Ao investir em tecnologia, eficiência logística e sustentabilidade, o mercado nacional pode transformar as adversidades em vantagem competitiva. Com o encarecimento dos custos de importação e transporte, muitas empresas estão priorizando práticas sustentáveis, como o uso de embalagens ecologicamente corretas e a diversificação de fornecedores locais, o que contribui para a redução da dependência de fornecedores internacionais e fortalece a economia nacional. Com foco em oferecer soluções acessíveis, práticas e seguras, é possível atender às necessidades de consumidores e empresas, fortalecendo o setor de entregas e compras online no Brasil.